Círio de Oriximiná 
                                                          Uma janela para a fé do caboclo  

Oriximiná - Com o tema “Santo Antonio invoca o Espírito Santo” a comunidade deste município fez a romaria fluvial noturna na noite de domingo, arrebatando lágrimas de emoção dos romeiros e visitantes que foram prestigiar no cais da cidade. 


Os responsáveis pela ornamentação da balsa REAN, Aristóteles Nogueira Filho e Edilberto Sarubi, lideraram uma equipe que construiu um portal com 18 metros de altura, onde no alto se lia a mensagem da Campanha de Fraternidade Vidas Sim, Drogas Não. No centro, as mãos de Santo Antonio abriam e fechavam acolhendo a pomba do Espírito Santo, que se movia para cima e para baixo.

No trajeto duas balsas com fogos de artifício saudavam a passagem do santo, gerando um espetáculo de luz e emoção no meio do rio Trombetas iluminada por mais de 4 mil e 200 barquinhas de aninga e balão de seda. 

A procissão fluvial saiu do porto da Capela de N.S da Conceição, no Rio Nhamundá, as 18:40hr navegou em romaria cerca de 3 milhas e chegou no cais do porto as 20:00 de onde se iniciou a romaria terrestre que seguiu pela rua 24 de Dezembro, travessa Magalhães Barata, Rua Barão do Rio Branco até a praça Santo Antonio, onde se realizou a missa campal que durou cerca de duas horas.

Um andor sobre as águas coloridas
    O Santo Antonio é levado em romaria em cima de uma berlinda,   que é cuidadosamente preparada uma semana antes pelo Apostolado da Oração e senhoras da sociedade. Neste ano, o motivo da decoração foi a pureza do santo representado pelo lírio e flores no jardim. Detalhe curioso que desperta a atenção é o fato que o povo de Oriximiná comemora a natividade do Santo Antonio.


Breve história do círio                           
    Desde o ano de 1936 o povo de Oriximiná comemora o seu Padroeiro Santo Antonio com procissões terrestre no mês de agosto. A partir de 1946, essa romaria passou a ser realizada no rio Trombetas. De acordo com um folder distribuído pela coordenação do Museu do Círio de Santo Antonio, Prof. João Felipe, no dia 4 de agosto daquele ano, foi realizado o primeiro círio fluvial. A imagem de Santo Antonio foi conduzida em uma canoa de 30 palmos de propriedade de José Vicente Calderaro (Carapina), movida por oito remadores, seguidas de outros barcos; Nos primeiros círios era comum as canoas enfeitadas com fitas e bandeirinhas de papel de sede, diferente de hoje que os barcos em romaria noturna exploram o uso de lâmpadas coloridas e painéis de arte com movimento de luzes.
    Uma das maiores maravilhas do Círio de Santo Antonio são as barquinhas, que no início eram cuias com velas colocadas para marcarem o caminho e pedidos escritos em pequenos papéis.
    Acredita-se que o grande caminho de luz foi idealizado por Manoel Afonso da Silva (Duca Silva) e Alzemira Ribeiro. A idéia surgiu após a queda de um balão de papelão com fundo grosso que ficou flutuando no rio. Cada barquinha leva uma vela acesa dentro de um balão de papel de seda colorido que são espalhadas no início da procissão fluvial.

Matéria publicada no O Estado do Tapajós, em 07.08.01 by João Bosco Almeida